quarta-feira, 7 de março de 2012

DENUNCIE!


Na primeira noite,
eles aproximam-se e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite,
já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão.
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles,
entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua,
e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.
Maiakovski
(1893-1930)
Este texto é o mote para um elogio ás meninas que foram violentadas …

É duro saber que há tanta criança sexualmente violentada, que perdem o viço e a graça da sua infância em flor….
Eles vêm, entram em sua casa e roubam-lhes e espezinham-lhes as flores da sua inocência…
Ouvimos, vemos, lemos relatos tenebrosos destas violências sobre a pureza de quem está fragilizado pela idade tenra e pela entrega própria de quem se deveria sentir protegida no seio da família….
É chocante, dói-nos no corpo e na alma, o coração estremece…
E quando á tua frente está alguém, que te olha com olhos cheios de nada, e te conta uma história destas ma primeira pessoa?
Como se gere uma revelação destas?
A Maria é linda!
A Maria é, também, uma menina difícil… Calada, corpo curvado… lenta nos gestos…
Quando chegou sentou-se no banco da entrada, calada: não queria ir para a aula… ainda hoje foge do contacto com o adulto… só tem uma amiga… provavelmente com uma história parecida.
A Maria fala pouco mas gosta de provocar: diz palavrões e obscenidades com um ar provocador! Ri-se! Muito!
Outros dias a Maria chega faladora… pronta a conversar? Não!
Olhando para a ficha de trabalho em branco a Maria diz, alto, como de si para si: não faço esta *****! Quero morrer! Quero que tu morras! Um dia mato o meu pai!
E olha-te acintosamente. Com um olhar cheio de raivas e medos…
Ao ouvir isto, e já sabendo a triste história de Maria, tive que recorrer ás forças que a experiência me deu para “dar a volta” á situação e não chorar…
Quando chegou a Maria não se deixava tocar…
Quando lhe pegava nas mãos, quando lhe fazia uma festa a Maria afastava-se e gritava: “que nojo!”…
Ontem a Maria sorriu-me!


A Maria teve a sorte de se cruzar com alguém que não era indiferente e fez a denúncia…
A Maria continua a ter ao lado quem não seja indiferente…
PARABÉNS á Casa Mãe do Gradil.
abuso_sexual.jpg DENUNCIE!

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